Projeto: Diversidade das Cores

    Ervas Medicinais utilizadas pela cultura afro

Guiné, a arma botânica dos escravos

Essa planta dá o que falar. Conhecida e utilizada por muitos povos, ela recebe diversas denominações: tipi, pipi, erva-de-guiné,raiz-de-gambá, pipiu. Apesar dos vários nomes, o uso é muitas vezes único: escudo mágico para fechar o corpo contra malefícios. O cheiro forte de alho que a planta exala inspirou o seu nome cientifico: Petiveria alliaceae. Utilizado na medicina popular, o guiné sempre é manuseado com cuidado, pois é uma planta muito tóxica. A raiz, segundo Sangirardi Jr (1984), pode provocar superexcitação, insônia, alucinações e, posteriormente, levar a lesões cerebrais, convulsões tetaniformes, mudez por paralisia da laringe e finalmente a morte.  Esses sintomas foram verificados nos efeitos do "amansa-senhor", beberagem preparada pelos escravos com as raízes da planta. Servido pela mucama em alimentos líquidos, o guiné levava o "senhor" à demência ou à morte, também devido à propriedade hipoglicemiante da planta. Uma arma botânica contra a tirania dos escravocratas. 



Planta Arruda
A espécie Ruta graveolens, popularmente conhecida por Arruda, pertence à família Rutaceae e ao gênero Ruta. Em alguns lugares recebe outras denominações, tais como: arruda-fedida ou arruda-dos-jardins. Não por acaso este último está relacionado diretamente à prática de cultivar arruda em
jardins, hábito cultural muito difundido mundialmente.Segundo a sabedoria popular, ratificada por estudos científicos, esta planta é bastante utilizada em mulheres que precisam regular seu ciclo menstrual, já que ela estimula o útero e provoca o sangramento menstrual. Infelizmente, por causa deste efeito, é muito usada também para fins abortivos, que no caso dos escravos, eles a usavam com o intuito abortivo, pois as mulheres não queriam ter um filho escravo. Outro uso seria no combate à conjuntivite, apenas macerando as folhas acrescidas posteriormente de água mineral (pode ter sido fervida, mas precisa estar em temperatura natural) e aplicar sobre os olhos fechados um algodão encharcado neste líquido. Fazer esta operação durante algumas vezes por dia. As folhas da arruda são indicadas para a elaboração de chás calmantes. As crendices se misturam aos saberes populares, e uma delas diz que se deve manter um punhado de galhos de arruda no ambiente para espantar os espíritos ruins ou ainda usar um galho atrás da orelha para combater o mau olhado. Os prováveis constituintes presentes na arruda são: óleo essencial (1%), flavonóides (1-2%), metilnonilcetona (88%). Os outros 15% se dividem em furacumarinas, alcalóides e taninos. Sendo que de tudo o que se encontra nesta planta, a substância rutina é a mais importante, pois é responsável por conferir resistência aos vasos sanguíneos, sua principal característica.

Algumas contra-indicações ficam por conta o tempo de tratamento. Se consumida por muito tempo, os riscos de ocorrer uma lesão no fígado ou uma inflamação nos rins são altos. Também não se deve oferecer arruda às crianças menores de seis anos. Evitar o uso por grávidas. A origem da arruda ainda não foi bem definida. Mas o que se sabe é que provavelmente é oriunda dos Bálcãs e deve ter chegado ao Brasil por meio dos portugueses.




Comigo- ninguém-pode

As plantas estão presentes no nosso dia-a-dia de diversas maneiras, a exemplo da culinária, medicamentos, decoração de ruas e casas. Porém, nem todas as plantas são inofensivas para o ser humano. Algumas plantas ornamentais encontradas em jardins, residências ou praças, quando manipuladas de forma incorreta ou ingeridas, podem causar graves acidentes, gerando um expressivo número de intoxicações e de mortes de crianças, adultos e animais que ingeriram plantas tóxicas.Nesse grupo, uma planta que merece papel de destaque é aDieffenbachia sp, responsável por causar o maior número de casos de intoxicações registrados por plantas ornamentais.Dieffenbachia sp  pertence à família das Aráceas, é popularmente conhecida no Brasil como “aningá-do-Pará”ou “comigo-ninguém-pode”,  sugerindo pelo próprio nome popular sua toxicidade. A planta comigo-ninguém-pode é originária da América do Sul, pertencente à floresta Amazônica.  É uma planta resistente, possui porte regular (dois metros), apresenta folhas grandes, vistosas e com manchas esbranquiçadas de vários aspectos.A comigo-ninguém-pode é usada popularmente para “afastar mau-olhado”, pois se acredita que a planta absorva energias negativas do ambiente. Em relatos antigos de alguns países, como nos EUA, seu nome popular era “dumb cane” (cana do mudo), em virtude da toxicidade dessa planta causar inchaço de lábios, boca e língua, incapacitando a pessoa de falar por alguns dias. As propriedades tóxicas da Dieffenbachia sp decorrem por diversos mecanismos, principalmente relacionados à existência, em seu caule, folhas e látex, de cristais de oxalato de cálcio em formato de agulhas (ráfides), utilizados para a proteção da planta. Esses cristais têm uma ação mecânica irritante na pele e mucosas. Os sintomas principais ao contato são manifestações alérgicas, principalmente nos olhos, com sensibilidade a luz, lacrimejamento e irritação. No caso de ingestão alguns dos sintomas são: náusea, salivação, vômito, diarreia e asfixia pela obstrução das vias aéreas, devido à irritação, podendo causar morte. O contato com a pele (ráfides) pode causar inchaço e até queimaduras e erupções com bolhas.Devido ao fácil acesso a essa planta dentro de casa, crianças e animais são as principais vítimas. A toxicidade da comigo-ninguém-pode é apenas um exemplo entre muitas outras plantas. O conhecimento sobre a toxicidade das plantas possibilita um maior e melhor uso das plantas ornamentais e contribui com a prevenção de intoxicações.





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